quinta-feira, dezembro 29, 2005

A bordo do Melody - Dia 1

Antes de embarcar, já pudemos ver os passageiros embarcados em outros lugares, saindo para a excursão no Rio de Janeiro. Eles nos olharam como animais que tinham seu território ameaçado.
Vovô soltou sua primeira pérola: "Paulista é quase um argentino."

Lá dentro, com a dieta oficialmente chutada, fomos direto para o buffet (já era uma hora da tarde, e a minha última refeição tinha sido o café da manhã, às 8). Vocês podem não acreditar, mas que a pizza cantou pra mim, cantou.

Agora eu tenho de fazer uma pausa e um flash-back para alguns meses antes da viagem. Saiu uma reportagem no Globo sobre os diversos cruzeiros que viriam ao Brasil. Em cada um, fizeram uma ficha contendo os seguintes campos: "Opte por este se..." e "Evite se..." ou mais ou menos isso. No Island Star, por exemplo, dizia algo do tipo "...você gosta de muito agito e azaração" e "...você gosta de ambientes tranqüilos", respectivamente.
Sobre o Melody, dizia "Opte por este se ...você gosta de sofisticação e de ambientes refinados" e "Evite se ...você vai viajar com muitas crianças"

Voltando à narrativa:

De tarde, fomos a um dos bares, esperar a partida do porto. Passa por nós uma criatura vestida de Carmem Miranda do século XXI (frutas na cabeça, barriga de fora, saia só na parte de trás, meia arrastão, tudo em um lindo amarelo-gema-de-ovo). Passa outra criatura. E mais outra. No total, umas 5. Não pude resistir - as fotos foram para a revelação hoje. Vamos ver se a fila de conga vai sair direito.

Aí o Javier (o homem mais chato do universo) anuncia a saída do Rio. Começa um som ensurdecedor. Haviam distribuído, para todas as crianças, adultos e argentinos, línguas de sogra e cornetas. As crianças fizeram a festa. Os argentinos também.
O som ensurdecedor das cornetas e do axé me fez recuar de volta para o bar, cujas portas cortavam boa parte daquela barulheira hedionda. Mas eram inúteis contra as crianças, mais especificamente duas menininhas japonesas, que corriam lá por dentro e não tinham nada melhor para fazer além de tocar seus instrumentos ininterruptamente.

Pelo menos o caos todo evitou que as pessoas ficassem com muito medo de mim enquanto eu ria com a memória do artigo do jornal.

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