To estudando Filosofia (não pergunte, longa história). O pessoal de Mileto vá lá que seja, os pitagóricos, os metafísicos... Tudo palatável. Aí cheguei em Parmênides:
"O ser é e o não-ser não é. TUDO O QUE EXISTE, É."Peraí, ele tá me tirando. Que diabos é isso, uma piada cósmica? Eu sou tapada e não tô pescando alguma verdade transcendental?
Continuo lendo o texto e vejo que esse pensamento causou "uma viva polêmica". Ó ceus, o que existe será mesmo? Ou o que existe não poderia ser o vir-a-ser do que não é?
Aí depois eu descubro que o Parmê tinha um discípulo (ó mundo cruel, talvez se não o tivesse, estaríamos livres de sua baboseira), e ele se chamava Zenão. Ok, o nome dele certamente não vem do fato de ele ter discordado de seu mestre ("mestre, adorei isso que o sr. disse, exceto por um zenão..."), porque afinal ele escreveu QUARENTA malditas obras pra provar que o ser... é.
Ah sim, e o
Zezão Zenão é o magnífico autor daquela história que um sujeito correndo não pode nunca alcançar uma tartaruga, porque o espaço se divide em infinitos pontos, e ele tem de percorrer a metade da metade da metade do caminho que falta pra chegar na tartaruga e bla bla bla bla bla.
E então, eis que sou tomada de atitude filosófica (que nada mais é, segundo me foi ensinado, do que uma postura reflexiva):
Será que é a idade que está me fazendo ficar intransigente? Será que são os muitos afazeres que me fazem perceber meu tempo como escasso e precioso? Será que estou perdendo a paciência para tolerar a imbecilidade humana?
Finalmente, me lembro das sábias palavras de outro professor:
"A Filosofia é como alguém que procura um chapéu preto numa sala escura... e sabe que o chapéu não está lá." (Francisco Röhling)